Abertura da 38ª Semana do Migrante celebra diversidade e acolhimento em Aparecida e em todo o Brasil

No dia 18 de junho de 2023, Aparecida, um dos principais destinos de peregrinação religiosa do Brasil, foi palco da emocionante abertura da 38ª Semana do Migrante. O evento, televisionado para todo o país pela TV Aparecida, reuniu fiéis e autoridades religiosas em um momento de reflexão, celebração e acolhimento.

A missa de abertura, presidida por Dom José  Luiz Ferreira Salles, bispo da diocese de Pesqueira (PE), presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes e referencial do Setor de Mobilidade Humana da CNBB, trouxe à luz a importância da solidariedade e da inclusão para com aqueles que deixam suas terras em busca de melhores condições de vida. A mensagem central da celebração foi de que a diversidade é uma dádiva e que todos devem ser acolhidos como irmãos e irmãs, independentemente de sua origem ou cultura.

Além da cidade de Aparecida, a abertura da Semana do Migrante aconteceu simultaneamente em diversas localidades do país. Cidades como Manaus, Curitiba, Rio Branco, Boa Vista e muitas outras se uniram em espírito de solidariedade para marcar o início desse importante evento, que busca conscientizar e promover a integração dos migrantes na sociedade brasileira.

A participação dos migrantes foi um ponto alto da cerimônia, reforçando a importância de dar voz e espaço para aqueles que têm histórias de superação e coragem

Neste ano, a Semana do Migrante tem como tema central “Migração e Soberania Alimentar”, trazendo à tona a questão crucial da fome e da falta de acesso a alimentos saudáveis e nutritivos enfrentada não apenas por migrantes e refugiados, mas por muitos brasileiros. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2023, que aborda o tema “Fraternidade e Fome”, o evento busca estabelecer uma conexão profunda com a realidade daqueles que sofrem com a falta de alimentos adequados.

O lema escolhido para este ano é “Para o Migrante, Pátria é a terra que lhe dá o Pão”, uma frase poderosa que ressalta a importância do alimento como um elemento fundamental para a dignidade e a sobrevivência dos migrantes. Ao destacar a soberania alimentar, a Semana do Migrante busca conscientizar a sociedade sobre a necessidade de garantir que todos tenham acesso a uma alimentação saudável e suficiente, independentemente de sua origem ou condição migratória.

Os desafios enfrentados pelos migrantes, tanto no Brasil como durante o processo de migração, são uma realidade que é abordada durante a Semana do Migrante. Muitos imigrantes enfrentam obstáculos significativos, como a barreira da língua, a falta de documentos, a discriminação e a xenofobia. Além disso, o processo de migração em si pode ser extremamente desgastante física e emocionalmente, envolvendo longas viagens, separação de entes queridos e a necessidade de se adaptar a uma nova cultura e ambiente.

No Brasil, os imigrantes também podem encontrar dificuldades relacionadas à integração social, acesso a direitos básicos, como saúde e educação, e oportunidades de trabalho digno. A falta de políticas públicas adequadas para lidar com as demandas específicas dos migrantes muitas vezes os coloca em situações vulneráveis, sujeitos a abusos e exploração.

A Semana do Migrante destaca essas questões e promove discussões que levam a ações concretas para garantir os direitos e a dignidade dos migrantes. Isso inclui a implementação de políticas migratórias mais humanitárias, a criação de programas de integração eficazes e o combate à xenofobia e à discriminação. A solidariedade e o acolhimento são valores essenciais que devem nortear a forma como lidamos com a migração, reconhecendo a riqueza cultural e as contribuições que os migrantes trazem para nossas comunidades.

A Semana do Migrante é uma iniciativa que segue os passos de grandes líderes como João Batista Scalabrini, que dedicou sua vida ao cuidado dos migrantes e fundou a Congregação dos Missionários de São Carlos Borromeo (Scalabrinianos). Seu legado inspira ações concretas em prol da dignidade e dos direitos dos migrantes, visando a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

Durante os próximos dias, a Semana do Migrante continuará a realizar uma série de atividades, como palestras, debates, exposições e encontros inter-religiosos, com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância do acolhimento e da integração dos migrantes em nosso país.

Que essa semana seja um momento de reflexão, solidariedade e esperança, fortalecendo os laços de fraternidade entre todos nós e nos lembrando de que, independentemente de nossas origens, somos todos filhos de Deus, chamados a construir pontes e a promover a paz em nossa sociedade.

Refletindo sobre o profetismo de “dar pão a quem tem fome e fome de justiça a quem tem pão”, somos chamados a uma profunda introspecção e ação. Essa frase evoca a necessidade de combater as desigualdades sociais e promover a justiça em todas as esferas da vida. Devemos reconhecer a fome física daqueles que não têm acesso adequado a alimentos, mas também a fome de justiça, que clama por igualdade, dignidade e respeito para todos os indivíduos, independentemente de sua origem ou condição.

Nesse contexto, a Semana do Migrante nos convoca a refletir sobre como podemos ser agentes de mudança, levando em consideração tanto as necessidades básicas dos migrantes, como a fome, quanto suas demandas por justiça e inclusão. Devemos buscar não apenas fornecer pão para saciar a fome imediata, mas também lutar por estruturas sociais e políticas que garantam o direito de todos a uma vida digna, onde as desigualdades sejam reduzidas e as oportunidades sejam equitativas.

Ao abraçar a causa dos migrantes, podemos aprender com eles sobre resiliência, coragem e a importância de acolher o outro. Devemos ampliar nossas perspectivas, desafiando preconceitos e estereótipos, e construir pontes para uma convivência harmoniosa e solidária.

Que a Semana do Migrante seja um lembrete constante de nossa responsabilidade de alimentar não apenas os corpos famintos, mas também as almas sedentas de justiça. Que possamos agir com compaixão e empatia, trabalhando em prol de um mundo mais justo, onde cada indivíduo possa ter acesso a alimentos adequados e onde a justiça social seja uma realidade palpável.

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