Quem foi Malcolm X?

Em 21 de fevereiro de 1965 morria Al Hajj Malik Al-Shabazz, mais conhecido como Malcolm X, um dos símbolos do movimento negro nos Estados Unidos. Foi ele quem fundou a Organização para a Unidade Afro-Americana e defendeu os direitos da população, mobilizando brancos e negros na conscientização sobre os crimes cometidos contra a população negra. 

Malcolm X conduziu uma parte do movimento negro nas décadas de 50 e 60, defendendo três pontos fundamentais: o islamismo; a violência como método para autodefesa e o socialismo. A religião foi a porta de entrada para que ele percebesse os problemas sociais enfrentados pelos negros. Pouco a pouco, entendeu que era muito mais uma questão política, econômica e civil do que teológica.

Malcolm nasceu em Omaha, estado de Nebraska, nos EUA, no ano de 1925, e quando tinha apenas seis anos, sua casa foi incendiada por membros da seita racista Ku Klux Klan, que alguns dias depois assassinou seu pai, o pastor negro Earl Little, seguidor de Marcus Garvey. O pai de Malcolm denunciava com veemência a opressão a que o povo negro estava submetido nos EUA e por isso foi brutalmente espancado, linchado, jogado nos trilhos de um bonde, morrendo horas depois.

Na juventude, Malcolm se rebelou e enveredou pelo caminho do crime. Duas mulheres brancas praticavam os roubos com ele e seu parceiro negro, Shorty. Elas eram também suas namoradas naquele momento. Quando caíram todos nas mãos da polícia e foram levados a julgamento, as duas mulheres foram condenadas a penas reduzidas entre um e dois anos de prisão. Malcolm e Shorty, cujo crime principal, para a consciência da época dos EUA, foi namorar mulheres brancas, foram condenados a 10 anos.

Na cadeia, Malcolm conheceu a Nação do Islã, organização religiosa muçulmana que recontava a História, tendo a perspectiva do homem preto como o homem original e as divindades principais como negras: Jesus, Maomé, Alá etc. Malcolm se converteu e se tornou um dos principais propagadores dessa religião em seu país.

Após uma grande decepção com o líder da Nação Islã, esse conjunto de fatores fez com que Malcolm repensasse profundamente suas concepções religiosa, filosófica e política. Em sua viagem pela África, depois de peregrinar em Meca, teve contato com muitos líderes dos processos de libertação anti-imperialistas. Reuniu-se pessoalmente com Kwame Nkrumah, o presidente socialista de Gana. Participou de aniversários e homenagens às revoluções chinesa e cubana. Foi saudado por ter recebido Fidel Castro no Harlem, quando este foi expulso do hotel para participar como representante do povo cubano de sua primeira reunião da ONU. Toda essa movimentação o transformou em um inimigo não só do governo dos EUA, entrando na mira do FBI e da CIA, mas de muitas organizações nazifascistas, sionistas e até das organizações liberais e oportunistas negras daquele país.

Com suas próprias palavras, Malcolm X chegou finalmente a defender a linha de “uma revolução que destruísse o sistema por todos os meios necessários” e admitiu “a união dos homens e mulheres de todas as raças com base nesse objetivo”. Todo esse avanço em sua consciência seria impossível nos marcos da sua antiga organização religiosa. Quando voltou aos EUA, fundou então a Organização da Unidade Afro-Americana (OUAA) que, com uma tática mais flexível, preconizava a unidade do movimento negro independente de religião para desenvolver a luta e obter conquistas concretas para a comunidade de 22 milhões de negros e negras dos EUA.

Já o socialismo aparece na formação da Organização da Unidade Afro-Americana, um grupo focado nos problemas sociais das minorias na sociedade capitalista americana. A sua opção pela violência e pelo socialismo foi de vital importância para os rumos que os movimentos negros tomaram ao fim da década de 60, tal como os “Panteras Negras”, também partidários da violência enquanto método de defesa e do socialismo enquanto ideologia política.

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