Número de novos imigrantes dispara em SC e estrangeiros buscam no Estado recomeço e lar
Mais de 82 mil estão oficialmente cadastrados como moradores no Estado, e veem por lá
um bom lugar para viver e escrever novos capítulos nas suas histórias
Santa Catarina foi sonho ou a necessidade para os 82.024 imigrantes que hoje estão oficialmente registrados como moradores no Estado. Apenas entre 2020 e 2021, cerca de 23 mil novos estrangeiros escolheram o solo catarinense para viver e chamar de lar.
Essa busca de pessoas de fora do país por um novo lugar para viver reflete, também, nos dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) desde 2019: o número de estrangeiros registrados saltou de 5,7 mil para 20 mil, todos integrantes de famílias consideradas de baixa renda.
Percentualmente, o crescimento é de 250%.
Para Flor Solange Aguana Garcia, que há três meses chegou ao Estado, se mudar para Santa Catarina significava encontrar oportunidades melhores para a família.
A venezuelana sofreu violência doméstica e teve que sair da casa própria que vivia com o ex-marido. Ela conta que as dificuldades para pagar aluguel e o salário baixo motivaram a vinda para o Brasil, em 2018. Ao atravessar a fronteira, Flor ficou em Boa Vista, capital de Roraima, no Norte do país.
— Lá (em Boa Vista) se você não tem móveis, você tem que se virar. Em um apartamento que a gente alugou, tinha uma cama pequena. Então coloquei os meus bebês ali para dormir. O senhor que alugava disse que ia colocar o ganchinho para rede, que é comum (na Venezuela), mas demorou três dias. Dormi os três dias no chão — lembra ela.
A venezuelana que atualmente vive em Florianópolis diz que os dois anos que viveu no Norte do país foram de sobrevivência:
— Morei dois anos, sobrevivendo. Tem muitos venezuelanos e poucas vagas de emprego. Então, a gente faz diária, faxina e essas coisas. Mas o aluguel para pagar e as contas são muito mais caros. Então, a gente decidiu se mudar e vir embora para cá.
Desde dezembro de 2021 na capital de Santa Catarina, Flor e a família encontraram na Pastoral do Migrante uma chance de mudar de vida. Ela, o marido, a filha de 11 anos e o filho de cinco anos vieram para a Casa do Migrante, na Capital. O lugar serve de acolhimento para imigrantes que buscam um emprego, trabalho, renda fixa, educação e moradia, e é gerenciado pelo Serviço Pastoral dos Migrantes de Santa Catarina (SPM-SC).