SPM participa do I Congresso Internacional de Migração e Refúgio, organizado pela Cáritas Brasileira.
De 22 a 25 de setembro de 2025, em Foz do Iguaçu – PR, o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) participou ativamente do I Congresso Internacional de Migração e Refúgio, promovido pela Cáritas Brasileira. O encontro reuniu organizações da América Latina, de modo especial as Cáritas de diversos países, incluindo da Europa, lideranças sociais, agentes de pastorais, pessoas migrantes e refugiadas, reafirmando a urgência de pensar e agir com os migrantes, reconhecendo-os como sujeitos de direitos.
A programação contemplou momentos de espiritualidade, exposições, trabalhos em grupo e partilhas. Nossa coordenação Nacional, representada por Maria Ozania, fez todas as articulações, a convite da organização do evento, esteve atuante em equipes de trabalho e foi nossa referência para este encontro, para que nossa participação fosse efetiva e propositiva. Entre os temas centrais, destacam-se a necessidade de ressignificar o conceito de fronteira como espaço de encontro e não de separação; a denúncia das violações que ainda marcam o cotidiano das migrações; e o apelo para fortalecer redes de solidariedade e articulação entre Sociedade Civil e Estado.
Durante o evento, a Coordenação Colegiada do SPM, representada por Roberto Saraiva, reforçou esse olhar sobre as fronteira:
“Ao falarmos das fronteiras, descrevemos muito bem os desafios, os riscos, as categorias de violações existentes, aí a fronteira é limite, é repressão, é negação. Porém, fronteira também é cultura diferente e não excludente, é Encarnação. Fronteira como espaço de encontros e de florescer amores!”.
A religiosa uruguaia Ir. Olga do Carmo, Scalabriniana missionária na Pastoral dos Migrantes, destacou a dimensão da esperança:
“Me pareció una instancia de aprendizaje y confraternización. Me voy con el compromiso de sembrar más amor, profundizar en la conciencia de que todos somos migrantes y que, para los seres humanos, no hay fronteras”.
Na mesma perspectiva, Sonia Regina, agente do SPM e da Missão Scalabriniana, sublinhou a importância histórica do encontro:
“Me sinto honrada por me fazer presente neste primeiro Congresso, não tenho dúvidas de que abrimos mais caminhos, possibilidades e que mais um movimento no que diz respeito a acesso e garantia de direitos dos migrantes e refugiados foi feito. Seguiremos na luta por eles e com eles”.
Para Emanuely Gestal (Missão Scalabriniana/SPM em Florianópolis), a experiência reafirmou o valor do trabalho coletivo:
“A participação da Pastoral nesse congresso foi essencial para demonstrar que o trabalho em rede é cada dia mais necessário. Compartilhar experiências com as instituições presentes e contar com a participação ativa dos migrantes foi de fundamental importância. Trabalhar com Migração e Refúgio é, além de tudo, ter uma escuta humanizada e um olhar atento a todas as demandas”.
A força das vozes migrantes também esteve presente nas falas. Yannelis Barreto, migrante Venezuelana e Agente do SPM em São Paulo, expressou:
“Dias de construção e inclusão de forças. Desconstrução de muros, semeadura de esperanças. A voz dos imigrantes e migrantes ecoa com respeito e dignidade”.
Na mesma linha, Priscilla Gusmão (Missão Scalabrini SPM Florianópolis) lembrou a centralidade das pessoas migrantes no processo:
“As pessoas migrantes nos lembram que são protagonistas de suas histórias. Devemos trabalhar “COM” eles e não “PARA” eles. Eles não são uma bandeira a ser usada quando convém. Também foi marcante ouvir que quando a oportunidade é seletiva, ela não é de fato uma oportunidade. Por fim, destaco a importância das redes que criamos e devemos fortalecer com os migrantes e entre as entidades”.
A riqueza do encontro foi resumida pela missionária María José Suárez (Pastoral do Migrante/Missão Scalabrini – Florianópolis/SC):
“Essa experiência só foi possível graças à comunhão de pessoas que, trazendo diferentes vivências em suas mochilas, demonstraram disposição para a partilha e empatia na escuta. Ficou evidente que a tolerância e o respeito são atitudes essenciais para a convivência humana e que, como se afirmou no evento, juntos somos mais fortes”.
A Diretoria Nacional do SPM foi representada por Arivaldo Sezyshta que, em sua fala, dialogou com o lema do Congresso – “As fronteiras só existem onde não há amor” (Dom Helder Câmara) – “Se de fato estamos convencidos de que as fronteiras só existem onde não há amor, deveríamos falar mais de amor do que de fronteiras. Porém, sobre o amor não se fala, mas se vivencia. Daí a importância de nossas vivências junto aos migrantes e refugiados, nosso método de fazer Pastoral dos Migrantes no Brasil, centrado na presença e na escuta”. Reforçou, ainda, que dessa perspectiva saem as melhores respostas para o enfrentamento ao tráfico de pessoas e à migração forçada: a solidariedade e o esperançar, conjugado como verbo, que culminará na incidência política, garantindo que agentes de pastoral e, sobretudo, migrantes ocupem os espaços de controle social das políticas públicas voltadas à migração.
O I Congresso Internacional de Migração e Refúgio tornou-se, assim, um marco para a caminhada conjunta em defesa da vida e da dignidade das pessoas migrantes e refugiadas, renovando compromissos e inspirando novas utopias. Este congresso reforçou a importância das redes na garantia de direitos, dentre eles a luta por emprego e renda e moradia dignos, superação de barreiras linguísticas e xenofobia, e na defesa de leis e políticas mais justas para migrantes e refugiados, dando início a uma Campanha Nacional para que o Presidente da República sancione a Política Nacional de Migração, Refúgio e Apatridia. ASSINA LULA!.
SPM – Sempre no caminho com os Migrantes


