Mulheres de todo o Brasil iniciam jornadas de luta pelo 8M

Em vários estados, no campo e na cidade, mulheres se reúnem em atos de luta unificados pelo 8 de março. Acompanhe as atividades que estão sendo realizados durante a semana

Por Lays Furtado

Na manhã desta segunda-feira (7), mulheres integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram protesto contra o uso de agrotóxicos em frente à fábrica da empresa suíça Syngenta, localizada na cidade de Paulínia, há 120km da capital paulista.

Com faixas, grafites e palavras de ordem, cerca de 70 Mulheres Sem Terra ocuparam a frente da empresa Syngenta, fabricante e líder mundial do mercado de agrotóxicos, denunciando as mortes e envenenamento que geram o lucro de empresas como a Syngenta.

A ação dá largada às mobilizações da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra 2022 em São Paulo, entre outras ações de denúncia e protesto que ocuparão todas as grandes regiões do país, integrando as mobilizações e atos no campo e cidade, com o lema: “Terra, Trabalho, Direito de Existir. Mulheres em Luta não vão sucumbir!”

“Neste momento as Mulheres Sem Terra estão se mobilizando contra o agronegócio. Nós estamos com ações em todos os estados, em especial contra o PL o pacote de veneno que foi aprovado na Câmara dos Deputados, e que vai colocar muito mais veneno no prato da classe trabalhadora” denuncia Cássia Bechara, da direção do Coletivo de Relações Internacionais do MST.

A Syngenta é uma das fabricantes do Paraquat, um dos agrotóxicos mais perigosos do mundo e que já foi proibido em mais de 50 países desde 1989, porém ainda é usado no Brasil e está sendo empurrado para a mesa do povo brasileiro. E segue sendo liberado pelo governo Bolsonaro, bem como defendido pela bancada ruralista, que pretende ampliar a liberação de uso de agrotóxicos no país com a aprovação do Projeto de Lei (PL) 6.229/2002, conhecido como o “pacote de veneno”.

Após tramitar 20 anos entre parlamentares, o PL do Pacote de Veneno é alvo das denúncias das Mulheres Sem Terra. O projeto de lei de liberação de mais veneno é prioritário para o atual governo e trata de um conjunto de propostas que flexibilizam o marco regulatório de agrotóxicos, visando aumento da venda e do uso dos venenos. E, consequentemente, ampliando a intoxicação e morte de crianças, trabalhadoras e trabalhadores, causando prejuízos à população e ao ambiente.

Ações no interior e em outros estados

Já durante a madrugada desta segunda (17), como parte da Jornada, as mulheres do MST e do Levante Popular da Juventude reafirmaram o repúdio contra a violência do agronegócio no Pontal do Paranapanema (SP), na Rodovia Euclides de Figueiredo (SP-563), em repúdio ao PL do Veneno/Pacote do Veneno. Durante a manhã, um grupo de mulheres realizaram uma manifestação em frente à Bracell na região de Bauru (SP). A ação simbólica de protesto denuncia a grande responsável por transformar terras cultiváveis em um imenso deserto infértil. O ato aconteceu na sede localizada no município de Lençois Paulista contra o Pacote de Destruição do agronegócio em conluio com o governo Bolsonaro, com o Governo Dória e com o Congresso Nacional.

A ação de protesto foi em frente a entrada principal da Bracell, empresa com sede em Singapura, pertencente ao grupo RGE, Royal Golden Eagle, que atua globalmente no mercado de celulose e papel; empresas April e Asia Symbol, de óleo de palma; empresas Asian Agri e Apical, de viscose; empresa Sateri e no ramo da energia, através das empresas Pacific Oil & Gas.

Em Sergipe (PE), mulheres camponesas dos acampamentos e assentamentos realizaram ação de denúncia contra o descaso com a pauta da Reforma Agrária Popular em frente à superintendência do INCRA em Aracaju. As Mulheres Sem Terra também ocupam a cidade de Maceió (AL). A Jornada das Mulheres Sem Terra é também um levante de voz contra a concentração de terras, os despejos, o agronegócio, a mineração, o pacote de veneno, entre outras mazelas que afetam diretamente a realidade das trabalhadoras camponesas.

Solidariedade e protesto marcam Jornada de Lutas das mulheres Sem Terra do Paraná, que começou ainda no dia 03 de março e se estendem até o dia 14. Até agora foram partilhadas 80 cestas de alimentos para as famílias da comunidade urbana Marielle Franco. Além de alimentos da Reforma Agrária, as cestas terão sabão feito pelo Coletivo de Mulheres Ana Primavesi, formado por mulheres do MST da região. No estado, a partilha de alimentos, materiais de higiene, marmitas e a doação de sangue e mutirões de plantio em lavouras comunitárias estão entre as principais atividades previstas.

No Rio de Janeiro, cerca de 70 mulheres realizaram mais um ato em frente a multinacional Bunge, no Parque Duque, em Duque de Caxias/RJ. A empresa é uma das multinacionais do agronegócio que mais lucrou em 2021. No Mato Grosso, o MST junto ao Levante Popular da Juventude e o Coletivo de Mulheres Urbanas e Camponesas, realizaram escracho na sede da AMAGGI em Cuiabá (MT).

Texto postado originalmente em: https://cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/acoes-dos-movimentos/5947-mulheres-de-todo-o-brasil-iniciam-jornadas-de-luta-pelo-8m

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.