MARCHAR COM JESUS
Diz o evangelista: “Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor (Mt 9, 35-36).
Marchar com Jesus não é exibir armas e destilar ódio, mas levar a cura e a feliz boa nova do Evangelho. Três aspectos se destacam nesse trecho citado.
Primeiro, temos o verbo “percorrer”, como sinal de sair de si mesmo em direção aos outros, pelos caminhos da missão. Não só esperar que venham até nós, mas marcar presença nos “infernos do sofrimento humano”. Faz lembrar o projeto da “Igreja em saída”, proposto pelo Papa Francisco. Seguir os passos de quem precisa de companhia!…
Em seguida, temos as “multidões cansadas e abatidas”. Como não associar aos desterrados, desempregados, excuídos e famintos que erram pelas ruas e praças das cidades, vivendo e dormindo ao relento – a grande multidão dos “sem”: sem terra, sem teto e sem trabalho; mas também sem raiz, sem endereço fixo, sem rumo e sem pátria?!…
Por fim, mas não por último, temos a “compaixão” do Mestre. Palavra composta: com + paixão. Paixão que retrata as situações-limite pelas quais passamos: perda, separação, morte, doença, amor não correspondido!… Compaixão é estar com nesses momentos difíceis. Não é dar coisas, mas dar-se, colocar o próprio tempo, os olhos e os ouvidos à disposição de quem busca um olhar, um sorriso, um toque, uma gesto, um abraço, uma visita, um pouco de atenção, uma palavra de conforto!…
Marchar com Jesus implica, primeiramente, uma descida aos porões e periferias da sociedade, onde habitam os empobrecidos; só depois será possível se elevar ao alto. Impossível subir aos céus, sem antes ter mergulhado nos infernos da dor, da luta e da “esperança contra toda a esperança”, com diz o apóstolo Paulo.
Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs
São Paulo, 03/08/2022