G20 CONJUGADO NO PLURAL (SPM esteve presente no G20 Social e na Cúpula dos Povos)
São três versões distintas, opostas e até mesmo contraditórias do G20, ocorrendo mais ou menos de forma simultânea, na cidade do Rio de Janeiro. Primeiramente, a Cúpula dos chefes de Estado das vinte nações que representam as economias mais ricas do planeta, nos dias 18 e 19 de novembro, incluindo os grupos do G7, do BRICS e do G20 propriamente dito. O Brasil, rotativamente neste ano, acolhe e preside esse grupo de vinte países. Aqui prevalece a ilusória tentativa de buscar algum tipo de “governança” para a economia capitalista do mercado total e totalmente desregulado. Mas lucro e capital não conhecem leis, nem limites ou fronteiras. Imperam as regras férreas do mercado, comandadas pela lei darwinista do mais forte.
Antes disso, tivemos o G20 social, de 14 a 16 de novembro. Trata-se de uma iniciativa apoiada por setores do governo Lula, no sentido de ampliar a participação do debate global a outros atores da sociedade civil. Lula e Janja marcaram presença nessa iniciativa, visando pressionar outros países a cumprir as metas propostas por eventos similares anteriores. O objetivo principal é que, no ato de governar, os indicadores sociais sejam predominantes diante dos indicadores econômicos, numa preocupação básica pelos setores de baixa renda da população, de um lado, e de outro, por uma melhor distribuição de renda.
Mais perto de nós, tivemos a Cúpula dos povos frente ao G20. A iniciativa reúne movimentos sociais, ONGs, campanhas, entidades, organizações populares, centrais sindicais, e outras forças sócio-políticas, em particular do sul do planeta (mas não só), numa espécie de contraponto ao G20 oficial, como pressupõe o título. Em pauta estão temas urgentes, candentes, tais como o neoliberalismo imperial da economia capitalista globalizada, as dívidas públicas que tornam reféns os governos dos países pobres e saqueados, os direitos humanos de todas as minorias, a luta contra o tráfico nacional e internacional de pessoas e a migração forçada, o aquecimento global e a preservação de “nossa casa comum” – numa palavra a vida acima do lucro. Plenárias relacionadas à primazia da vida sobre a acumulação de capital, o “tribunal popular do imperialismo no banco dos réus” e a “marcha dos povos, Palestina livre do rio ao mar e fora o imperialismo” – marcaram essa iniciativa. Ela casa com o novo Jubileu do ano 2025, enquanto exige a anulação das dívidas dos países pobres, bem como a reparação dos povos vitimados por todo e qualquer tipo de colonialismo.
Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs, assessor do SPM – São Paulo, 16/11/2024