Quais são os desafios enfrentados pelas pessoas trans migrantes?

 

Por João Vítor Rodrigues

 

No dia 29 de janeiro de 2004, em Brasília, foi organizado um movimento para lançar a campanha “Travesti e Respeito”. Organizado pelo Programa Nacional de DST/AIDS em conjunto à Associação Nacional de Travestis e Transexuais, o ato foi um grande marco na luta contra a transfobia, marcando a data como Dia da Visibilidade Trans.

Ainda hoje, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans. Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida média da população brasileira é de 74 anos, enquanto a das pessoas trans é de apenas 35 anos.

Infelizmente a grande maioria da população trans ainda é expulsa de casa e obrigada a sobreviver por meio da prostituição. De acordo com Dossiê de 2019 da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), 90% da população de travestis e mulheres transexuais utilizam a prostituição como fonte de renda devido à falta de oportunidades no mercado de trabalho. Ainda segundo a ANTRA, em 2019, foram registrados 124 assassinatos. Em 2020, mesmo em meio à pandemia do coronavírus, o país registrou 129 assassinatos de pessoas trans de 01 de janeiro a 31 de agosto, sendo um aumento de 70% em relação ao mesmo período em 2019.

 

Em 2021 foi divulgado o Mapeamento de Pessoas Trans na Cidade de São Paulo, que revelou que 58% dos entrevistados – mulheres trans, travestis, homens trans e pessoas não-binárias – realizam trabalho informal ou autônomo, de curta duração e sem contrato. Entre as travestis, esse percentual sobe para 72%. O estudo foi realizado pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec) junto à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo (SMDHC). 

Em relação à principal ocupação exercida pela população entrevistada, o destaque é a parcela elevada de travestis (46%) e de mulheres trans (34%) que se declararam profissionais do sexo, acompanhantes e garotas de programa. Esta é a principal variável sócio ocupacional que distingue as identidades de gênero, conforme avaliação que consta no documento.

Na questão da migração vivenciamos a anulação, marginalização e invisibilização de Imigrantes e Refugiados, especialmente de grupos que estão contemplados na sigla LGBTIQ+. Muito embora o que queremos enaltecer aqui esteja relacionado com a visibilidade TRANS, não poderíamos deixar de comentar aspectos que incluem a situação desse grupo também vulnerável constituído pelas pessoas imigrantes e refugiadas, já que possuem características comuns, relacionadas com aspectos que foram determinados pelas discriminações.  

Nesse emaranhado, vários termos se interligam, um deles é o preconceito e, o outro, a diversidade – Esta diversidade pressupõe a existência de  inúmeras formas de discriminação materializadas no preconceito e a exclusão. Esta exclusão , além de configurar a desigualdade social, expressa manifestações de violências exacerbadas – explícitas ou encobertas. Como grupos marginalizados, as pessoas transgêneras imigrantes e refugiadas são populações com um alto índice de mortes.

 

São inúmeras as dificuldades que as pessoas trans enfrentam na travessia dos fluxos migratórios. Uma/um imigrante trans deve driblar duas vezes  a violência. Primeiro, quando se enfrenta aos perigos inerentes impostos ao atravessar as fronteiras, e segundo, quando se depara com as violências onipresentes contra a própria população trans. Quando não é assassinada, é exposta à violência física, sexual e psicológica.

 

Arte: Tayna Silva SPM

Com informações de: https://integradiversidade.com.br/transito-livre-pessoas-trans-imigrantes-e-refugiadas/

 

 

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