NÃO SE TRATA SÓ DE ANISTIA
Apesar do Bananinha se exibir pelos Estados Unidos, arrastando os joelhos atrás do “tio Sam”, para salvar o pai com a moeda falsa da anistia em troco do tarifaço, as coisas parecem bem mais complexas. A verdade é que Trump está “pouco se lixando” para a situação real seja do golpista ex-capitão e ex-presidente, seja da economia brasileira. “Tio Sam” só tem olhos para o próprio umbigo e para os interesses de seu país.
Cabe suspeitar que, no xadrez da geopolítica mundial e da economia globalizada, o que mais irrita Trump não é nossa briga doméstica, embora a polarização política esteja também em seu radar. O que o deixa furioso e fora de si é o papel do Brasil, e do presidente Lula, no bloco dos BRICS (ou países emergentes), em especial pela possibilidade de negociar com uma moeda alternativa. Perigo à vista para o monopólio do dólar. O leão do norte não usaria tanta força, tanta pólvora e tanta munição para limpar a barra de um ex-presidente fracassado, incompetente e investigado como criminoso.
Não é mera coincidência o fato de que a carta de Trump sobre o tarifaço foi enviada logo após a reunião dos representantes do BRICS, ocorrida no Rio de Janeiro. Os Estados Unidos lutam para defender, a todo custo, a posição de liderança política e econômica mundial, tentando esmagar e reduzir a pó tudo o que estivar pela frente. Por isso, sim, o leão ruge para toda a floresta ouvir, usando em profusão todas as armas: porta-aviões, mísseis, ogivas nucleares, bombas, ameaças e chantagem tarifária. A estratégia é semear medo e confusão na arena política, para colher novos tesouros oportunistas no campo da economia privada de seus pares milionários e bilionários.
O rugido do leão utiliza poderosa caixa de ressonância, visando o alcance planetário, bem como e a criação de um caos universal. Aos Estados Unidos não basta mais fazer de todo o continente americano seu “quintal”. O olhar de águia mira em direção mais abrangente, mais profunda e mais vasta. Com destaque particular, claro, para países como China, Índia, Brasil, África do Sul, Rússia, Arábia Saudita, Canadá, entre outros. O que corrói o fígado da besta fera é ver o maior país da América Latina aliando-se com outras forças semelhantes, mas rivais e concorrentes. Em política, notadamente em política internacional, não se usa um canhão para eliminar uma mosca.
Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs, assessor do SPM São Paulo– 16/07/2025.

