FRANCISCO: A VOZ QUE VEIO DO FIM DO MUNDO

Ela é leve e suave como a brisa da manhã,

mas firme e forte como o vento que varre o erro e o mal;

Ela é chuva fina que irriga o solo endurecido,

mas eloquente como o raio e o trovão da tempestade;

Ela é um bálsamo para as feridas de quem sofre,

mas é punhal afiado para os causadores do sofrimento;

Ela é ternura para quem busca a verdade,

mas chibata para os que insistem no ódio e na mentira;

Ela é carícia paterno/materna para os aflitos,

mas lâmina cortante para os poderosos e dominadores;

Ela é afago para os ouvidos e corações atormentados,

mas rijo combate para quem exclui e descarta;

Ela é doce para os pobres e humildes,

mas amarga para quem tiraniza e explora;

Ela é luz que ilumina cada noite escura,

mas fogo que devora os que chafurdam nas trevas.

 

Ela recria o anseio de paz do pobre de Assis,

mas declara guerra aos que empunham armas;

Ela clama solitária no deserto urbano das multidões,

mas esmaga até o chão os interesses dos malvados;

Ela retoma a misericórdia do homem de Nazaré,

mas aponta o dedo para punir a lama da hipocrisia;

Ela fecunda o deserto estéril do mundo contemporâneo,

mas faz definhar os planos obscuros e obtusos dos soberbos;

Ela defende os pequenos, abandonados e descartáveis,

mas fere a ferro e fogo aqueles que os espezinham;

Ela se reveste de bondade e compaixão diante dos excluídos,

mas se torna implacável frente aos que acumulam renda e poder.

 

Ela acolhe os famintos, migrantes, refugiados e sem pátria,

mas combate os que erguem muros e derrubam pontes;

Ela apela ao encontro, ao diálogo e à solidariedade,

mas ergue a ira profética contra a globalização da indiferença;

Ela é mansa com os doentes, frágeis e indefesos,

mas dá nome e sobrenome à política econômica que mata;

Ela se revela humilde diante dos humildes, popular com o povo,

mas ruge como leão para defender a justiça e os direitos iguais.

 

Aos sedentos remanda à fonte viva do Evangelho,

onde a água é mais pura e límpida, cristalina e transparente;

Aos tristes entoa o louvor das criaturas e insiste que todos somos irmãos,

mas se levanta com energia contra a devastação de “nossa casa comum”.

Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs, assessor do SPM – São Paulo, 26/02/2025

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