VOTO SUSPEITO
Se o ministro Luis Fux, do STF, precisou de nada menos do que 13 horas para emitir seu voto, algo diz que ele mesmo não estava convencido da decisão tomada. Metade desse tempo, se não mais, serve para convencer-se a si mesmo sobre o que está dizendo. Apesar de tanta retórica, tantas palavras e tanta argumentação, o parecer do ministro reveste mal o “rei que está nu”. A impressão é a de que os não-ditos falam mais alto do que os ditos.
Quando muito se rebusca, aqui e ali, para cobrir os vazios e lacunas do discurso é porque os trapos se mostram menores do que a nudez do acusado. Os silêncios e os vácuos, em meio a tanta e tamanha necessidade de palavreado, acabam se revelando mais eloquentes, estridentes até, do que as afirmações. Estas últimas, devido a pouco remendo para muito rasgão e muito estrago, soam falsas e torcidas, deturpadas e insidiosas.
Em síntese, muito verniz e muita saliva, muito disfarce e muita dissimulação para defender o indefensável! A verdade costuma ser breve, simples e direta. Sem atalhos tortuosos e desconhecidos dos pobres mortais. Quando se envereda por vias turvas e torvas, a sensação é de que falta transparência. No caminho que leva direto à fonte, a àgua é mais fresca e mais límpida. Diz o saber popular que “não dá para cobrir o sol com a peneira”. Luminosidade demasiado intensa. De igual maneira, os farrapos alinhavados de forma tão forçada deixam à mostra a nudez dos crimes de tamanha magnitude. Quem sabe seja tanta a luz que deixou cego o juiz!…
Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs, assessor do SPM, São Paulo, 11/09/2025

