40 anos da Pastoral dos Migrantes
Bom dia, boa tarde, boa noite a todas e todos.
Hoje, com muita humildade e gratidão, falo em nome de tantos migrantes que, como eu, um dia partiram de sua terra com o coração apertado, mas cheio de esperança.
Sou venezuelana, e como milhões de pessoas ao redor do mundo, deixei meu país não por escolha, mas por necessidade. Migrar não é apenas mudar de lugar – é carregar saudade, incerteza e, ao mesmo tempo, uma coragem imensa.
Os desafios enfrentados pelos migrantes são muitos e estão por todas as partes:
– Atravessar fronteiras com medo do que vem pela frente,
– Enfrentar o preconceito, o desemprego, a solidão e, muitas vezes, não saber sequer como se comunicar.
Quando cheguei ao Brasil, em 2019, o maior obstáculo foi a língua. Me sentia perdida, como se tivesse perdido também a minha voz. Mas foi justamente nesse momento que encontrei a acolhida na Pastoral dos Migrantes, por meio de um curso de língua portuguesa. E ali começou uma nova etapa em minha vida.
Mais do que aprendeu em nenhuma, encontrei escuta, respeito e dignidade. Acolher um migrante é mais do que abrir portas – é abrir o coração, é estender a mão sem perguntar de onde viemos, mas sim onde sonhamos ir juntos.
Nestes 40 anos, a Pastoral dos Migrantes tem sido um sinal concreto de amor, fé e solidariedade. Um espaço onde ninguém é invisível, onde cada história importa.
Hoje, quero dizer a todos os migrantes e refugiados que não estão sozinhos. Há pessoas que se importam conosco, que nos amam e querem nos ajudar, dizer a todos os que trabalham na Pastoral dos Migrantes que seu trabalho não é em vão. Vocês estão fazendo a diferença na vida de muitas pessoas. Continuem a acolher, a acompanhar e a amar. Porque é nesse amor que encontramos a verdadeira esperança.
Hoje falo com emoção, porque sei que minha voz carrega muitas outras vozes: vozes que pedem paz, trabalho, respeito, justiça e, acima de tudo, esperança.
Muito obrigada por essa oportunidade de falar em nome da comunidade de migrantes e refugiados. Que Deus abençoe a todos os que formam parte do SPM (funcionários, agentes de pastoral, colaboradores, etc.) e que continue a inspirar-nos a amar e a servir uns aos outros.
Que possamos seguir caminhando juntos, construindo pontes e derrubando muros. Que a solidariedade seja sempre mais forte que o medo.
E que onde houver um migrante, haja também alguém disposto a acolher, escutar e caminhar junto.
Muito obrigada.
Maria Alejandra Venot Patino

